Operação Picareta da PF Desmantela Esquema de Garimpo Ilegal de Quartzo no Centro-Oeste de Minas Gerais com Uso de Trabalho Escravo

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (18), a Operação Picareta, uma robusta ação que visa desarticular uma sofisticada organização criminosa especializada na extração e comercialização ilegal de cristais de quartzo na região do Centro-Oeste de Minas Gerais, com foco no município de Arcos. O esquema, que movimentava grandes volumes de minério, também explorava trabalhadores em condições análogas à escravidão.

A força-tarefa mobilizou cerca de 60 policiais federais e cumpriu uma série de ordens judiciais em sete cidades mineiras, nos municípios de Arcos, Corinto, Curvelo, Diamantina, Nova Serrana, São Lourenço e Teófilo Otoni, visando atingir todos os elos da cadeia criminosa: dos garimpeiros na linha de frente aos financiadores e compradores do material ilícito.

 

Ações e Medidas Cautelares

 

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Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Federal de Divinópolis e incluíram:

  • 14 Mandados de Busca e Apreensão: Realizados em residências e na sede de uma empresa suspeita de ser a principal receptadora e escoadora dos minerais ilegais.

  • 17 Medidas Cautelares Diversas da Prisão: Direcionadas a 14 investigados e três pessoas jurídicas.

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Entre as medidas cautelares impostas, que buscam frear imediatamente a atividade criminosa, destacam-se:

  • Proibição de Contato: Impedir a comunicação entre os investigados, dificultando a continuidade do esquema.

  • Restrição de Acesso: Proibir o acesso às áreas de garimpo e mineração clandestina na região de Arcos.

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  • Suspensão de Atividades Econômicas: Impedir o funcionamento das empresas e indivíduos envolvidos no comércio, transporte e beneficiamento dos minerais extraídos ilegalmente.

 

A Estrutura do Crime e a Exploração Humana

 

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A investigação da PF teve início a partir da identificação de um grande número de garimpeiros envolvidos diretamente na extração clandestina de quartzo na área de Arcos. Contudo, a Operação Picareta focou em neutralizar os principais fomentadores da prática ilegal, que atuavam na retaguarda do esquema.

A PF descobriu que o grupo criminoso era responsável por uma logística completa, que incluía:

  • Compra do Minério Ilegal: Adquirindo o material extraído sem autorização e sem recolhimento de impostos.

  • Transporte e Hospedagem: Fornecendo a infraestrutura necessária para a operação clandestina dos garimpeiros.

O ponto mais chocante da investigação foi a constatação de crimes contra a dignidade humana. Foi verificado que alguns trabalhadores estavam submetidos a condições análogas à escravidão, com o uso de armas de fogo para limitar a liberdade dos garimpeiros, controlar a produção e garantir a lealdade ao grupo. Além disso, a PF identificou a participação de proprietários de terras que alugavam suas fazendas e imóveis ao grupo criminoso, tornando-se cúmplices da atividade ilegal.

 

Crimes e Penalidades

 

Os 14 investigados e as empresas envolvidas deverão responder a uma longa lista de crimes previstos no Código Penal e na legislação ambiental e mineral. Os crimes incluem:

  • Associação Criminosa Qualificada

  • Usurpação de Bens da União (o minério é propriedade da União)

  • Crimes Ambientais

  • Receptação e Comércio Ilegal de Produtos Minerais

  • Redução à Condição Análoga à Escravidão

  • Porte Ilegal de Arma de Fogo

  • Falsificação e Uso de Documentos Falsos (geralmente utilizados para tentar legalizar a origem do minério).

A Operação Picareta representa um duro golpe no garimpo ilegal na região, que, além de causar danos ambientais irreversíveis, explorava trabalhadores em situação de extrema vulnerabilidade. A PF dará continuidade às investigações para mensurar o volume exato do prejuízo financeiro e ambiental causado pelo grupo.

 

Fotos: Polícia Federal/Divulgação

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