Postos citados em operação contra PCC são ligados ao Corinthians

Uma grave crise de imagem atinge o Sport Club Corinthians Paulista após a revelação de que três postos de combustível licenciados para uso da marca do clube pertencem a empresários que são alvos centrais da Operação Carbono Oculto. A investigação, que apura um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro supostamente ligado a integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), colocou em xeque a concessão de licenças de uso da marca por parte do time.


 

Os Alvos e o Esquema de Lavagem

 

A Operação Carbono Oculto foi deflagrada em 28 de agosto e tem como foco desmantelar um ecossistema fraudulento que supostamente utilizava a cadeia de distribuição de combustíveis para lavar milhões de reais.

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Embora o Corinthians não seja citado como investigado no inquérito e alegue ter apenas concedido a licença de uso da marca, os sócios por trás dos postos licenciados estão sob forte escrutínio das autoridades.

 

Caso 1: Luiz Ernesto Franco Monegatto

 

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Dois dos postos licenciados, localizados na Avenida Líder, 2000, e na Avenida São Miguel, 6357, têm como proprietário Luiz Ernesto Franco Monegatto. Ele foi um dos principais alvos da operação, tendo sido cumprido contra ele um mandado de busca e apreensão. Além disso, a Justiça decretou o bloqueio de bens imóveis e veículos de sua propriedade, indicando a seriedade das suspeitas levantadas.

O posto da Avenida Líder, inclusive, apresenta irregularidades cadastrais que chamaram a atenção das autoridades. Embora esteja registrado na Receita Federal como AUTO POSTO TIMAO LTDA., na base de dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), ele está identificado como AUTO POSTO MEGA LIDER LTDA.

A ANP, procurada para esclarecimentos, confirmou que as empresas têm um prazo de 30 dias para informar alterações cadastrais. A agência prometeu notificar as empresas sobre a divergência e alertou que o não cumprimento da notificação pode levar à abertura de um processo administrativo, com a possibilidade máxima de revogação da autorização para operar.

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Caso 2: O Clã Mourad e a GGX Global

 

Um terceiro posto envolvido, situado na Avenida Padre Estanislau de Campos, 151, e registrado como AUTO POSTO RIVELINO LTDA, também apresenta inconsistências cadastrais e está ligado a nomes-chave da investigação.

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  • Na ANP, os sócios listados são a GGX Global Participações e Himad Abdallah Mourad.

  • Na Receita Federal, no entanto, o sócio da GGX Global é Pedro Furtado Gouveia Neto.

A empresa GGX Global é citada na investigação como peça fundamental do grupo liderado por Mohamad Hussein Mourad, considerado o principal operador por trás do ecossistema criminoso de combustíveis. Já Pedro Furtado Gouveia Neto não apenas aparece como sócio na Receita, mas também é identificado como representante da empresa e associado direto ao clã Mourad, consolidando os vínculos do posto com os investigados.


 

A Posição do Corinthians e o Risco à Marca

 

O projeto dos "Postos Corinthians" foi lançado pelo clube com o objetivo de "homenagear o estilo de vida do povo que torce" e criar um ponto de encontro para a torcida, o "bando de loucos". O clube tem alegado que sua participação se resume à concessão da licença de marca, prática comum no licenciamento de produtos.

No entanto, a associação da marca Corinthians a um esquema criminoso de tamanha gravidade, envolvendo o PCC, coloca a diretoria do clube em uma posição delicada. O escândalo levanta questões sobre o processo de diligência prévia (due diligence) realizado antes da concessão das licenças, expondo o clube a um significativo risco reputacional e à possibilidade de questionamentos judiciais futuros sobre a manutenção dos contratos de licenciamento.

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