Uma onda de terror e violência promovida por facções criminosas transformou o distrito de Uiraponga, no município de Morada Nova, a 167 km de Fortaleza (CE), em um cenário de abandono. Cerca de 300 famílias teriam sido forçadas a deixar suas casas e comércios devido a ameaças de morte e à disputa sangrenta por território entre criminosos. O caso ganhou repercussão nacional após o deputado federal André Fernandes (PL-CE) usar as redes sociais para cobrar ações urgentes dos Governos Federal e Estadual, ambos geridos pelo PT.
A Fuga em Massa e o Clima de Guerra
Há mais de dois meses, Uiraponga, que antes era uma comunidade conhecida por sua tranquilidade e vida social ativa, com festas e eventos, começou a esvaziar. Moradores relatam que o ponto de inflexão ocorreu com o início das ameaças, culminando em uma decisão de fuga das famílias.
A emigração é um reflexo direto da guerra travada pelo controle do tráfico de drogas na região. Mensagens, ligações e recados diretos foram usados pelos criminosos para intimidar e ordenar a desocupação dos imóveis, sob a ameaça de "coisas piores" para quem ficasse. Em menos de 15 dias, o vilarejo ficou praticamente deserto, um "território-fantasma" onde as ruas vazias e as casas abandonadas se tornaram a nova realidade.
Os Líderes da Expulsão e a Resposta Policial
👻 🏘️ Impulsionado por execuções em praça pública, pichações com ameaças e invasões violentas a casas e comércios, o clima de terror imposto pelo crime organizado transformou o vilarejo de Uiraponga, distrito rural de Morada Nova (CE), em uma CIDADE-FANTASMA. pic.twitter.com/jJx5fWsT9Q
— République (@republiqueBRA) September 21, 2025
De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública do Ceará, a campanha de terror e a ordem de expulsão foram determinadas por membros de um grupo criminoso que sofreu um racha interno.
O inquérito policial apontou como principais responsáveis:
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José Witals da Silva Nazário: Apontado como o mandante da expulsão. Conforme investigações, ele foi capturado e possui histórico criminal por homicídio, roubo, receptação e tráfico de drogas.
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Márcio Jailton da Silva: Cúmplice de Witals, também foi preso, suspeito de ser um dos executores das ações na comunidade.
Apesar da prisão dos acusados e da intensificação do policiamento, a Polícia Civil reconhece que os moradores ainda temem retornar às suas casas, e o distrito permanece esvaziado.
Serviços Públicos Suspensos e Repercussão Política
O impacto da violência foi tão severo que a Prefeitura de Morada Nova decretou situação de emergência no distrito. Essa medida autorizou o poder municipal a realocar recursos e adotar ações provisórias.
Como resultado da insegurança:
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A escola de Uiraponga foi fechada e os alunos foram transferidos temporariamente para unidades de ensino em áreas mais seguras do município.
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O posto de saúde teve suas atividades suspensas por um período, e os atendimentos médicos foram redirecionados.
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Pontos comerciais, incluindo o posto dos Correios, foram forçados a fechar por falta de utilidade, em um efeito cascata provocado pela saída da população.
A situação dramática de Uiraponga motivou o deputado federal André Fernandes a publicar um vídeo que expõe a realidade da comunidade. No vídeo, o parlamentar cobra publicamente uma resposta e ações concretas dos governos Federal e Estadual, ambos liderados pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ressaltando a urgência de garantir a segurança para permitir o retorno das famílias desalojadas.