BRASÍLIA — Em uma jogada de comunicação estratégica, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou uma nova campanha publicitária que busca capitalizar as recentes operações da Polícia Federal (PF) contra um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. A propaganda, veiculada na televisão, faz uma conexão direta entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e fundos de investimento da Faria Lima, centro financeiro do país, reforçando a narrativa do governo de combate aos "crimes de colarinho branco".
A peça publicitária se aprofunda na ideia de que a justiça deve alcançar “quem está no topo” do crime organizado. Essa mensagem dialoga diretamente com a agenda econômica do governo, que em outro vídeo recente, também defendeu a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, custeada pela taxação dos super-ricos. A campanha busca, portanto, unificar a agenda social e econômica com a de segurança pública, apresentando o governo como defensor do povo contra as elites privilegiadas e corruptas.
As operações da PF citadas na propaganda foram deflagradas no final de agosto. Elas miraram empresários do setor de combustíveis suspeitos de cometerem crimes de fraude, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. As ações mais notáveis, no entanto, ocorreram em fundos de investimentos, corretoras e outras empresas ligadas ao mercado financeiro, todas concentradas na sofisticada região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.
A voz da propaganda, em um tom incisivo, declara: "O governo do Brasil fez a maior operação da história contra o crime organizado, e o crime organizado não tem esse nome por acaso. Ele atua em rede e controla até empresas, de postos de gasolina a prédios elegantes. Mas o governo do Brasil enfrentou com coragem, atingiu o coração financeiro do crime e a justiça, desta vez, vai chegar até a quem está no topo. Governo do Brasil contra o crime organizado, do lado do povo brasileiro".
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Disputa Política por Holofotes
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A divulgação da campanha federal acontece em meio a uma visível disputa política. As operações da PF contra os criminosos da Faria Lima ocorreram simultaneamente a uma ação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), batizada de Operação Carbono Oculto. Ambas as ações, focadas em esquemas de lavagem de dinheiro de grandes organizações criminosas, geraram uma corrida para capitalizar os resultados.
Nos bastidores, a iniciativa do governo Lula é vista como uma tentativa de reivindicar os louros da operação e eclipsar o trabalho do governo de São Paulo, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio, considerado um potencial rival do petista na corrida presidencial de 2026, também tem utilizado o tema da segurança pública como um dos pilares de sua gestão. A campanha do governo federal, ao enfatizar o papel da PF, joga holofotes para a esfera federal, transformando um avanço na segurança em um embate narrativo direto com um de seus principais adversários políticos.
