Mais de 94 milhões de brasileiros dependem de programas sociais; governo aponta queda na pobreza

BRASÍLIA, DF — Um levantamento recente revela que mais de 94 milhões de brasileiros — o equivalente a 44% da população total do país — dependem de algum programa social do Governo Federal para complementar sua renda. O número, comparável à população de países como o Egito, destaca a dimensão e a importância da rede de proteção social no Brasil, cujo custo anual chega a impressionantes R$ 500 bilhões.

A maioria desses beneficiários está cadastrada no Cadastro Único (CadÚnico), a principal porta de entrada para mais de 40 programas sociais. O carro-chefe é o Bolsa Família, que sozinho atende 57% dos 94 milhões de dependentes.


 

Redução da pobreza e integração de dados

 

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Apesar da alta dependência, os dados mostram um avanço significativo no combate à pobreza. Segundo o Monitora MDS, ferramenta do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, o número de famílias em situação de pobreza no CadÚnico caiu 25% em apenas dois anos, passando de 26,1 milhões em maio de 2023 para 19,56 milhões em julho de 2025. Isso representa um aumento de renda para cerca de 14,17 milhões de pessoas, que agora vivem com mais de R$ 218 mensais por pessoa.

O ministro Wellington Dias (MDS) atribuiu a melhora à combinação de desenvolvimento econômico e social, que, segundo ele, permitiu que o Brasil saísse do Mapa da Fome. "As pessoas estão saindo da pobreza, seja pelo trabalho ou pelo empreendedorismo", afirmou o ministro.

Um estudo da Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad) do MDS revelou ainda um aumento de renda para além do patamar de pobreza. O secretário Rafael Osório credita os avanços à melhora do mercado de trabalho e, principalmente, à qualificação do CadÚnico, que agora integra automaticamente dados sobre a renda formal dos trabalhadores.

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Com a integração de informações de outras bases, como o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o MDS reduziu a dependência da autodeclaração dos beneficiários. "Este avanço diminui o esforço das famílias, alivia a carga sobre os municípios na atualização cadastral e qualifica as informações, o que contribui para focalizar as políticas públicas", explicou Osório.


 

Emprego formal e vulnerabilidade

 

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Os dados do governo apontam sinais de inclusão produtiva. Entre janeiro e julho, o Brasil criou 1,49 milhão de empregos formais, e impressionantes 77% dessas vagas foram preenchidas por inscritos no CadÚnico.

No entanto, especialistas alertam que a forte presença de beneficiários em novos empregos também é um reflexo da fragilidade da renda e da dificuldade de muitas famílias de romperem o ciclo de vulnerabilidade econômica. A renda de trabalho dessas famílias, mesmo com carteira assinada, muitas vezes não é suficiente para tirá-las da linha da pobreza de forma definitiva.

 

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Fortalecimento do cadastro e fiscalização

 

Para garantir que os recursos cheguem a quem realmente precisa, o MDS intensificou a fiscalização e a atualização dos cadastros. Entre janeiro e julho de 2025, a proporção de inclusão e atualização com entrevista domiciliar saltou de 11,5% para 40,2%. A medida, impulsionada pela Lei nº 15.077/2024, exige entrevista domiciliar para o ingresso de famílias unipessoais nos programas sociais, com o objetivo de evitar fraudes e garantir a efetividade da política pública.

Outra iniciativa importante é a Busca Ativa, focada em atualizar e incluir cadastros de famílias unipessoais e de grupos vulneráveis, como pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e crianças em situação de trabalho infantil.

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