Em declaração nesta quinta-feira (17), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o sistema de pagamentos instantâneos Pix é uma criação sua. Ele especulou que a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil possa ter relação com o impacto financeiro causado pelo Pix aos bancos.
"Antes do Pix, você tinha um cartão. Os bancos perderam comigo, com o Pix mais Ted (Transferência Eletrônica Disponível) e Doc (Documento de Ordem de Crédito), mais de R$ 20 bilhões. E eu não taxei o Pix", declarou Bolsonaro. "O Pix tem nome: Jair Bolsonaro."
O ex-presidente também se colocou à disposição para conversar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de conter o conflito tarifário entre os dois países. "Acho que teria sucesso uma audiência com presidente Trump. Estou à disposição", disse. "Se me der um passaporte, negocio." Vale lembrar que Bolsonaro teve seu passaporte retido em fevereiro de 2024, durante uma operação da Polícia Federal que investigava uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Eduardo Bolsonaro "mais útil" nos EUA, diz ex-presidente
Bolsonaro também comentou sobre a atuação de seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos EUA desde março deste ano. Segundo o ex-presidente, Eduardo conduz negociações com o governo Trump e pode ser um ativo importante para barrar a tarifa de 50% aos produtos brasileiros. "Ele é mais útil lá do que aqui", afirmou.
A licença parlamentar de Eduardo acaba neste domingo (20), e ele não pode mais renová-la. Caso continue nos Estados Unidos, o deputado licenciado pode perder o mandato por falta. Em declaração à Coluna do Estadão, Eduardo disse que vai abrir mão da cadeira na Câmara.
Bolsonaro também afirmou que, caso Eduardo perca o mandato, terá oportunidades ainda em solo americano. "Ele tem portas abertas no governo Trump, conhece dezenas de parlamentares e está trabalhando pela nossa liberdade", disse.
Tarcísio não conseguirá negociar tarifa, diz Bolsonaro
Para Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não conseguirá negociar a tarifa com Trump. "Não vai ser uma pessoa isolada. Louvo Tarcísio, mas não haverá negociação com um Estado apenas. É com o Brasil. E está na cara que ele (Trump) não vai ceder", afirmou.
Bolsonaro esteve no Senado nesta quinta-feira e visitou o gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O ex-presidente estava acompanhado de uma pequena comitiva de parlamentares do PL, entre eles o líder da sigla na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ).
EUA aprofundam retaliações comerciais contra o Brasil
Após ameaçar o Brasil com tarifas de importação de 50% a partir de 1º de agosto, o governo Trump resolveu aprofundar as retaliações comerciais. Nesta terça-feira (15), o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação sobre o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
Questionado sobre a percepção da população de que ele é o responsável pelo tarifaço de Trump, o ex-presidente rechaçou a ideia: "Eu sou o culpado? Ele está fazendo com o mundo todo".
Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16), para 72% dos brasileiros, Trump está errado ao impor as novas taxas aos produtos brasileiros sob o argumento de que há perseguição judicial a Bolsonaro. Apenas 19% acreditam que o presidente americano está certo.