A Cacau Show, gigante do setor de chocolates e maior rede de franquias do Brasil com mais de 4 mil unidades, está no centro de uma polêmica. Uma série de denúncias feitas por franqueados e ex-funcionários revelam um suposto ambiente empresarial marcado por controle centralizado, retaliação e práticas questionáveis.
As acusações, amplamente divulgadas pelo Portal Metrópoles, incluem relatos de eventos internos descritos como "cerimônias", imposição de ações comerciais punitivas e uma série de disputas judiciais que colocam em xeque a reputação da marca.
Punições a Franqueados Dissidentes
De acordo com os relatos, franqueados que ousaram discordar das diretrizes operacionais ou comerciais da Cacau Show foram supostamente submetidos a punições severas. As represálias incluíam o envio de produtos com prazos de validade próximos ao vencimento ou de baixa demanda, além da suspensão do crédito para a compra de mercadorias, forçando os franqueados a realizar pagamentos à vista.
Essas medidas, segundo os denunciantes, impactaram negativamente a saúde financeira das unidades franqueadas, levando ao fechamento de diversas lojas em todo o país. A situação gerou grande insatisfação entre os franqueados, que se sentem prejudicados pelas práticas da empresa.
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"Doce Amargura": O Perfil da Denúncia
As denúncias ganharam força com a criação de um perfil anônimo nas redes sociais chamado “Doce Amargura”. Administrado por uma franqueada ainda ativa na rede, o perfil se tornou um canal para expor as supostas irregularidades e abusos praticados pela Cacau Show. A franqueada responsável pelo perfil ajuizou uma ação judicial solicitando a rescisão de seu contrato com a empresa.
Em um dos episódios mais notórios, a franqueada relatou ter recebido a visita do vice-presidente da Cacau Show, Túlio Freitas, em sua loja localizada no interior de São Paulo. Segundo ela, Freitas teria questionado "o que era preciso" para que as publicações no perfil fossem encerradas. A loja visitada está situada a mais de 600 km da sede da empresa, em Itapevi (SP), levantando questionamentos sobre a motivação da visita.
Disputas Judiciais e Questionamentos Legais
Na esfera judicial, a Cacau Show enfrenta uma série de processos que contestam cobranças adicionais e o fornecimento de produtos que não atendem aos padrões de demanda. Uma das ações, em andamento na 25ª Vara Cível de Brasília, questiona a suspensão de crédito a franqueados em litígio.
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O juiz Julio Roberto dos Reis declarou a prática inconstitucional, argumentando que ela limita o exercício da atividade econômica por parte dos operadores das lojas. A decisão judicial representa um revés para a Cacau Show e um importante precedente para os franqueados que se sentem lesados.
Reclamações de Funcionários e Cultura Interna
As denúncias não se restringem aos franqueados. Funcionários e ex-funcionários também apresentaram queixas sobre a cultura interna da Cacau Show. Os relatos incluem a realização de reuniões em salas escuras com velas na sede da empresa, além de denúncias de um ambiente de trabalho inadequado no parque temático operado pela marca em Itu (SP).
Os trabalhadores descrevem limitações de diálogo com a gestão e condutas consideradas autoritárias. A figura do fundador e CEO da Cacau Show, Alexandre Tadeu da Costa, conhecido como Alê Costa, é central nos relatos. Ele é apontado como a principal figura nas reuniões e eventos da empresa, onde promove discursos motivacionais e conduz atividades voltadas ao "espírito de dono", conceito defendido pela liderança.
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O Que Diz a Cacau Show
Até o momento, a Cacau Show não emitiu um posicionamento oficial sobre as denúncias. O espaço permanece aberto para que a empresa apresente sua versão dos fatos e esclareça as acusações.
O caso da Cacau Show levanta importantes questões sobre as relações entre franqueadores e franqueados, a cultura empresarial e a importância de um ambiente de trabalho saudável e transparente.
