A delegada titular do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), Maria Cecília Castro Dias, foi afastada de suas funções na última sexta-feira (7) sob suspeita de envolvimento com uma quadrilha de policiais civis acusada de desviar cargas de drogas para posterior venda a traficantes.
A decisão judicial de afastamento foi decretada pelo juiz Oto Sérgio Silva de Araújo Júnior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência da delegada, localizada na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo. Celulares, documentos, arma, distintivo e carteira funcional foram apreendidos. Os dispositivos eletrônicos serão submetidos à quebra de sigilo telemático para coleta de possíveis provas que reforcem a suspeita de envolvimento da delegada no esquema criminoso.
A defesa de Maria Cecília Castro Dias não foi localizada para comentar o caso. O espaço segue aberto para manifestações.
Esquema Envolvendo Diversos Distritos Policiais
Maria Cecília assumiu a coordenação do 77º DP em agosto de 2024. Anteriormente, chefiou o 2º DP (Bom Retiro). Ambos os distritos são subordinados à 1ª Delegacia Seccional, responsável pelas unidades da Polícia Civil no centro de São Paulo.
Investigações apontam que o 77º DP, juntamente com o 2º DP (Bom Retiro), o 1º DP (Sé) e o 12º DP (Pari), tiveram recursos materiais e humanos utilizados pela quadrilha, que substituía cargas milionárias de drogas, principalmente cocaína, por substâncias como talco ou gesso.
Relatórios da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam que o chefe da 1ª Delegacia Seccional, Elvis Cristiano da Silva, teria vendido cargos de chefia nos distritos policiais do centro da capital paulista para comparsas envolvidos no esquema de tráfico de drogas.
Chefe de Investigações Preso e Galpão Utilizado para Substituição de Drogas
O chefe de investigações do 77º DP, Cléber Rodrigues Gimenez, foi preso no final de janeiro sob suspeita de colaborar com a quadrilha. Ele é acusado de coordenar a apreensão das cargas de drogas, sua posterior substituição por talco e gesso, e a venda para traficantes internacionais.
Um galpão no Bom Retiro, pertencente a Gimenez, era utilizado para a troca das substâncias. Há suspeitas do envolvimento de um perito do Instituto de Criminalística, que emitia laudos falsos atestando a pureza de substâncias que não eram drogas.
Para dificultar a fiscalização do MPSP, as apreensões eram registradas em boletins de ocorrência, revezando entre o 1º DP, 2º DP, 12º DP e 77º DP.
Estima-se que o esquema tenha gerado ao menos R$ 50 milhões para os policiais da 1ª Seccional em cerca de dois anos. Junto com Cléber Rodrigues Gimenez, foram presos os investigadores Gustavo Cardoso de Souza, 38, e Thiago Gonçalves de Oliveira, 35, ambos subordinados a ele no 77º DP, além do empresário Maxwell Pereira da Silva, 30, e Matheus Cauê Mendes Parro, 27. A defesa dos acusados não foi localizada para comentar o caso.
Investigações em Andamento
Até a última sexta-feira (7), Elvis Cristino da Silva, chefe da 1ª Delegacia Seccional, continuava trabalhando normalmente. A defesa dele também não foi localizada para prestar esclarecimentos.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que todos os fatos mencionados estão sendo investigados para a aplicação das medidas cabíveis.