A decisão do governo brasileiro de enviar a embaixadora Gilvânia Oliveira à cerimônia de posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, gerou forte reação negativa de governadores de diferentes espectros políticos. A posse ocorreu na sexta-feira (10), e a presença da embaixadora brasileira, apesar da ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acirrou o debate sobre a relação entre os dois países.
O presidente Lula, que não reconhece a legitimidade da vitória de Maduro nas últimas eleições, optou por não comparecer ao evento. No entanto, a representação brasileira por meio da embaixadora foi vista por alguns governadores como um sinal de apoio ao regime venezuelano.
Zema e Caiado lideram críticas à decisão
Entre os críticos mais contundentes, destacam-se os governadores Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO). Zema classificou como “inaceitável” qualquer tipo de apoio ao governo de Maduro, reiterando sua preocupação com a situação política e humanitária na Venezuela. O governador mineiro enfatizou a importância de o Brasil manter uma postura firme em defesa da democracia e dos direitos humanos na região.
Ronaldo Caiado, por sua vez, foi além e solicitou publicamente o cancelamento da presença da embaixadora na cerimônia. Caiado citou a recente polêmica envolvendo a prisão da líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, — informação que, posteriormente, foi desmentida pelo regime de Maduro — como mais um exemplo da deterioração da situação democrática no país vizinho. O governador goiano argumentou que a presença de uma representante brasileira na posse legitimava um governo autoritário.
Aliado de Lula também se manifesta
A discordância em relação à decisão do governo federal não se limitou à oposição. Helder Barbalho (MDB), governador do Pará e aliado de Lula, também expressou sua preocupação. Barbalho defendeu que o Brasil não deve se omitir diante do que considera uma ditadura na Venezuela e que a presença da embaixadora envia uma mensagem contraditória à comunidade internacional. Apesar de reconhecer a complexidade da relação bilateral, o governador paraense argumentou que o Brasil deveria adotar uma postura mais crítica em relação ao governo Maduro.
PT e MST enviam representantes
Apesar da ausência do presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) enviaram representantes para a cerimônia de posse de Maduro. A presença dessas delegações reforça a diversidade de opiniões dentro do próprio campo político de apoio ao governo federal em relação à Venezuela.
Decisão de Lula reforça posição crítica, mas gera controvérsia
Embora a ausência de Lula na posse de Maduro sinalize uma posição crítica do governo brasileiro em relação ao regime venezuelano, a decisão de enviar a embaixadora Gilvânia Oliveira gerou controvérsia e expôs divergências entre o governo federal e alguns governadores. A situação política na Venezuela continua a ser um tema delicado na política externa brasileira, e a repercussão desse episódio demonstra a complexidade do cenário e as diferentes interpretações sobre a melhor forma de lidar com o governo Maduro.