O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou os gastos com sigilo no cartão corporativo durante seus dois primeiros anos de mandato e impôs sigilo de 100 anos sobre as despesas, de acordo com um levantamento do jornal O Globo. A prática, similar à adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contradiz a promessa de campanha de Lula de acabar com os sigilos.
O levantamento do Jornal O Globo, publicado no último sábado (4), baseou-se em pedidos de informação via Lei de Acesso à Informação, abrangendo o período de 1º de janeiro de 2023 a 20 de dezembro de 2024. Os dados revelam que a Presidência da República gastou R$ 38,3 milhões em despesas sigilosas no cartão corporativo entre janeiro de 2023 e outubro de 2024. O jornal destaca a abrangência dos sigilos, que se estendem a diversas áreas e dificultam o controle público sobre os gastos.
A atitude de Lula contrasta fortemente com suas críticas aos sigilos impostos por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2022. Em um debate presidencial em outubro de 2022, Lula dirigiu-se a Bolsonaro dizendo: “Tudo é motivo de sigilo, tudo é motivo de sigilo. Você sabe que isso tem perna curta porque vai acabar. Eu vou ganhar as eleições e quando chegar o dia 1º de janeiro [de 2023], eu vou pegar o seu sigilo e vou mostrar para o povo brasileiro saber porque você esconde tanta coisa. Afinal de contas, se é bom, não precisa esconder”.
Promessa não Cumprida
Em 2023, o presidente Lula anunciou uma proposta para extinguir a prática do sigilo de 100 anos, porém, até o momento, a promessa não se concretizou. A manutenção dos sigilos levanta questionamentos sobre a transparência do governo e a coerência entre o discurso de campanha e as ações da atual administração.
Detalhes dos levantamentos do O Globo
O levantamento do O Globo detalha a quantidade de pedidos de informação negados sob a justificativa de sigilo, demonstrando um aumento significativo em comparação com o governo anterior. O jornal também aponta a dificuldade em obter informações sobre a natureza das despesas cobertas pelo sigilo, o que impede a sociedade de avaliar a pertinência dos gastos.
A reportagem ainda busca contextualizar os gastos dentro do orçamento da Presidência e compará-los com os valores de governos anteriores, buscando elucidar a dimensão do aumento dos gastos sigilosos.