Em um cenário de transformação tecnológica e social, os telefones celulares e fixos ultrapassaram as geladeiras em número de domicílios de brasileiros considerados pobres ou extremamente pobres, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (4). O levantamento, referente a 2023, revela uma mudança significativa no perfil de consumo dessas famílias, com ênfase no papel central da comunicação móvel no cotidiano.
Telefones se tornam item essencial, ultrapassando geladeiras
De acordo com a pesquisa, 97,1% dos lares com população pobre possuem pelo menos um telefone, enquanto 96,5% contam com geladeira. A diferença é ainda mais acentuada entre os extremamente pobres: 94,2% têm telefone e 92,9% possuem geladeira. Essa inversão de prioridades demonstra a importância do celular como ferramenta de comunicação, busca de emprego e acesso a serviços essenciais.
Na população em geral, a presença de geladeiras ainda se mantém ligeiramente superior, com 98,5% dos lares equipados com o eletrodoméstico, contra 98,2% com telefone. No entanto, a proximidade desses números reforça a tendência de equiparação entre os dois itens, independentemente da faixa de renda.
Acesso à internet cresce significativamente entre os mais pobres
O estudo também destaca o avanço expressivo da inclusão digital, principalmente entre a população de baixa renda. O acesso à internet entre os extremamente pobres saltou de 34,7% em 2016 para 81,8% em 2023, um aumento impressionante de 135%. Para a população pobre, o crescimento foi de 50,7% em 2016 para 88,7% em 2023. Na população geral, o acesso à internet subiu de 68,6% para 92,9% no mesmo período.
Posse de bens e linhas de pobreza
A pesquisa do IBGE também investigou a posse de outros bens duráveis. Os dados revelam que 27,6% da população possui motocicletas, 51,4% têm carros, 70,8% contam com máquinas de lavar roupa e 41% têm microcomputadores. Entre os pobres, a posse de carros é de 24,5%, enquanto entre os extremamente pobres, esse número cai para 16,3%.
O IBGE define a linha de pobreza como US$ 6,85 por dia e a linha de extrema pobreza como US$ 2,15 por dia. Em relação a esses indicadores, houve uma queda na proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, passando de 31,6% em 2022 para 27,4% em 2023. A taxa de extrema pobreza também recuou, de 5,9% para 4,4% no mesmo período.
Item | Geral (%) | Pobres (%) | Extremamente Pobres (%) |
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Telefone | 98,2 | 97,1 | 94,2 |
Geladeira | 98,5 | 96,5 | 92,9 |
Carro | 51,4 | 24,5 | 16,3 |
Motocicleta | 27,6 | - | - |
Máquina de Lavar | 70,8 | - | - |
Microcomputador | 41 | - | - |
Fonte: IBGE