Cerca de dez meses após ter se iniciado, o fenômeno climático El Niño, que dá sinais de enfraquecimento desde janeiro, parece estar próximo do fim. Sua principal característica é um aquecimento mais intenso que o habitual das águas do Oceano Pacífico em sua porção equatorial, o que tem reflexos no clima de várias partes do planeta, o Brasil inclusive. As temperaturas recordes registradas no mundo em 2023 e neste ano são impulsionadas pelas mudanças climáticas, mas também têm influência do El Niño.
A temperatura dos oceanos é medida periodicamente por algumas instituições, e existe um trecho no Pacífico equatorial centro-leste, a região conhecida como Niño 3.4, cuja medição indica oficialmente se o fenômeno El Niño está acontecendo ou não. Desde janeiro, a medição indica queda de temperatura e consequente enfraquecimento do fenômeno.
O mais recente boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (Nooa), a agência climática americana, constatou que a temperatura da superfície do mar nessa região Niño 3.4 estava 1°C acima da média, o que corresponde a um fenômeno de fraco a moderado.
Outra região onde a medição é considerada muito importante é o Pacífico Equatorial Leste, que engloba o litoral do Peru e do Equador, região conhecida na climatologia como Niño 1+2. Nesse trecho, a temperatura do mar já está mais fria do que a média: -0,4ºC.
O resfriamento da temperatura da superfície da água acontece porque águas mais profundas e frias emergem, num fenômeno chamado ressurgência.
A variação da temperatura registrada no caso atual permite aos especialistas concluir que o El Niño será sucedido por uma fase neutra e depois pelo La Niña. Esse é um fenômeno climático inverso ao El Niño, caracterizado pelo resfriamento além da média da temperatura da superfície da água do Pacífico.