Belo Horizonte, MG – Em um ato de protesto carregado de urgência, policiais civis de Minas Gerais realizaram uma manifestação na manhã desta terça-feira (28) na Praça da Assembleia, no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O movimento, liderado pelo Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol), tem como objetivo principal forçar uma negociação com o Governo do Estado e pode culminar na paralisação das atividades investigativas em Minas.
Desvalorização: O Grito Contra o 4º Pior Salário do País
O cerne da mobilização é o que a categoria chama de persistente cenário de desvalorização e abandono. Em nota oficial, o Sindpol expôs dados alarmantes que ilustram a precariedade salarial da Polícia Civil mineira:
"Atualmente, os policiais civis de Minas Gerais recebem o 4º pior salário do Brasil e enfrentam o pior desenvolvimento de carreira entre todas as forças de segurança pública. Investigadores e escrivães ganham menos que praças da Polícia Militar e policiais penais, mesmo sendo responsáveis por investigações complexas e prisões de líderes de facções criminosas."
O presidente do Sindpol, Wemerson Silva de Oliveira, enfatizou a disparidade de remuneração versus responsabilidade. “Vamos buscar aquilo que é nosso por direito, a valorização, recomposição das perdas inflacionárias, estrutura, e pessoal que nós não temos para prestar um serviço de qualidade ao cidadão”, afirmou Oliveira.
Defasagem Salarial Acumulada: Recomposição de 44%
A principal reivindicação financeira da categoria é a recomposição das perdas inflacionárias da última década. O sindicato apresentou um cálculo detalhado sobre a defasagem acumulada:
| Período | Inflação Acumulada (Desde 2015) | Reajuste Salarial Concedido (Forças de Segurança) | Recomposição Reivindicada |
| Últimos 10 anos | Cerca de 74% | Aproximadamente 30% | 44% |
A pauta de reivindicações, portanto, exige um reajuste de 44% nos vencimentos para equiparar o poder de compra da categoria.
Delegacias Sucateadas e Risco de Adoecimento
Além da pauta salarial, o protesto aborda a crise estrutural que compromete a eficiência do trabalho policial e a saúde dos servidores:
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Déficit de Efetivo Crônico: A falta de pessoal é tão crítica que, segundo o Sindpol, obriga os servidores a acumularem funções, aumentando exponencialmente a carga de trabalho.
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Sucateamento Estrutural: A denúncia inclui o trabalho em delegacias sucateadas, sem condições mínimas de estrutura, e a falta de recursos básicos, como viaturas devidamente abastecidas.
Essa sobrecarga de trabalho e a exposição a condições insalubres estariam levando ao adoecimento físico e mental de policiais civis em todo o estado.
Votação Crítica: O Risco de Paralisação Total
A tensão foi intensificada pela informação de que, durante um mês, o Governo do Estado não procurou a categoria para iniciar qualquer mesa de negociação sobre as reivindicações apresentadas.
O ponto crucial do ato desta terça-feira é a votação, na própria Praça da Assembleia, onde a categoria decidirá se irá paralisar totalmente as atividades como forma de pressionar o Executivo. Uma paralisação da Polícia Civil afetaria diretamente a emissão de documentos, o trabalho de perícia e, principalmente, as investigações de crimes em Minas Gerais.
A sociedade mineira aguarda a decisão da categoria e a manifestação do Governo do Estado diante da iminente crise na segurança pública.