Em meio a tensões, Maduro envia carta a Trump propondo diálogo direto com os EUA após ataque naval

Caracas, Venezuela – O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, estendeu a mão ao governo dos Estados Unidos, oferecendo-se para iniciar conversas diretas com o presidente Donald Trump. A proposta, formalizada em uma carta vista pela agência de notícias Reuters, surge dias após o primeiro ataque militar americano a uma embarcação venezuelana. Segundo o governo Trump, o navio estava supostamente envolvido em atividades de tráfico de drogas.

A carta de Maduro, datada de 6 de setembro, quatro dias após o incidente, demonstra um esforço do líder venezuelano em desarmar a escalada de tensão e, ao mesmo tempo, contestar as acusações americanas. O ataque, que resultou na morte de 11 pessoas que, segundo Trump, eram membros da gangue Tren de Aragua e traficantes, elevou as tensões entre os dois países a um novo patamar.

 

Maduro refuta acusações e propõe canal de comunicação

 

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Na carta, Maduro rejeita veementemente as acusações de que a Venezuela é um centro de tráfico de drogas. Ele argumenta que apenas 5% das drogas produzidas na vizinha Colômbia passam pelo território venezuelano. O presidente venezuelano ainda destacou que 70% desse volume de entorpecentes é interceptado e destruído pelas autoridades de seu país, uma estatística que, segundo ele, desmente a narrativa americana.

"Presidente, espero que juntos possamos derrotar as falsidades que têm manchado nosso relacionamento, que deve ser histórico e pacífico", escreveu Maduro, sinalizando o desejo de restaurar a comunicação. O líder venezuelano propôs que um canal direto de diálogo, mediado pelo enviado especial de Trump, Richard Grenell, seja estabelecido para superar o que ele chamou de "ruído da mídia e notícias falsas".

Maduro citou a experiência positiva com Grenell na resolução de um problema anterior, referente à repatriação de imigrantes venezuelanos. Ele ressaltou que esse canal de comunicação "tem funcionado perfeitamente", permitindo que voos de deportação que transportam imigrantes venezuelanos dos EUA para a Venezuela continuem sem interrupção, apesar de protestos nos Estados Unidos.

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Trump intensifica a pressão e faz nova exigência

 

Apesar da oferta de diálogo, o governo Trump parece determinado a manter a pressão sobre a Venezuela. No último sábado (20), Trump endureceu sua posição, fazendo uma nova e incisiva exigência: a Venezuela deve aceitar o retorno de prisioneiros que, segundo ele, o país forçou a ir para os EUA. Se a Venezuela não cumprir a exigência, Trump prometeu um preço "incalculável" para a nação sul-americana.

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A escalada de retórica e a ação militar dos EUA indicam que o diálogo, apesar de ser oferecido por Maduro, pode não ser a primeira opção de Washington. As tensões continuam elevadas, e o futuro das relações entre os dois países permanece incerto.

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