Em uma decisão que visa reavaliar a estratégia e o tempo de implementação, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou nesta segunda-feira (14) a suspensão temporária das assembleias que visavam a expansão do número de escolas cívico-militares no estado. A medida ocorre em meio a críticas sobre o curto prazo para a participação das comunidades escolares e questionamentos sobre a validade do modelo.
Participação da Comunidade e Prazo Inadequado
O projeto original previa um aumento significativo no número de escolas cívico-militares, saltando de 9 para mais de 700 – o que representaria quase 20% da rede estadual de ensino. Para Zema, embora acredite na importância do modelo, o período para que pais, alunos e comunidades escolares pudessem se manifestar sobre a implantação foi insuficiente. "O prazo ficou exíguo, coincidiu com as férias, muitas vezes os pais já tinham programado viagens e não conseguiram participar", justificou o governador.
Zema reforçou seu apoio à proposta, salientando que "acreditamos muito nesse processo, que é democrático e cumpre todas as exigências". No entanto, a decisão de suspender as assembleias demonstra uma sensibilidade às preocupações levantadas pela população e pela comunidade educacional.
Escuta Ativa e Avaliação do Interesse
De acordo com o secretário de Estado de Educação, Igor Alvarenga, a suspensão permite que o governo realize uma escuta mais atenta junto às comunidades escolares, visando avaliar o real interesse na adesão ao modelo. "Este é um momento democrático, de ouvir as famílias, os professores e os estudantes", afirmou Alvarenga.
Ainda não há uma data definida para a retomada das discussões sobre as assembleias. O secretário informou que novas orientações sobre o processo serão divulgadas após o retorno das atividades escolares, permitindo um planejamento mais adequado e uma participação mais ampla da comunidade.
Críticas e Protestos
A proposta de ampliação das escolas cívico-militares tem enfrentado resistência em Minas Gerais. Na semana passada, educadores, parlamentares e pesquisadores se manifestaram contrários ao projeto durante uma audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e especialistas da área educacional questionam o modelo, levantando preocupações sobre possíveis usos político-eleitorais, desigualdades entre escolas e a fragilização dos princípios legais da educação pública.
Um dos pontos centrais das críticas é o curto prazo de 15 dias estabelecido para que as comunidades escolares votassem, de forma identificada, sobre a adesão ao modelo. Para muitos, esse período foi insuficiente para uma análise aprofundada dos impactos da mudança.
Entenda o Modelo Cívico-Militar
O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares é uma iniciativa do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Defesa, criado durante o governo de Jair Bolsonaro. O modelo implementa um conceito de gestão nas áreas educacional, didático-pedagógica e administrativa, com a participação do corpo docente da escola e o apoio de militares.
Segundo o Governo de Minas, o projeto resulta de uma parceria entre a SEE/MG, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar. "Trata-se de uma proposta de gestão integrada, com foco primordial na promoção de valores cívicos, éticos e na organização do ambiente escolar, complementando o modelo de ensino existente", informou o governo estadual.
A suspensão das assembleias abre espaço para um debate mais amplo e aprofundado sobre o futuro da educação em Minas Gerais, buscando um modelo que atenda às necessidades e expectativas de toda a comunidade escolar.