A Polícia Civil deflagrou, na quinta-feira (22), a segunda fase da operação "Ouro de Tolo", com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa envolvida em uma série de crimes financeiros. A ação, que teve como alvos cidades da Zona da Mata Mineira e do estado de São Paulo, investiga fraudes bancárias, estelionato, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Detalhes da Operação
A operação resultou no cumprimento de seis mandados de busca e apreensão em diversos locais estratégicos, incluindo instituições financeiras, lojas de revenda de automóveis e residências dos principais suspeitos. As cidades de Juiz de Fora e Matias Barbosa, em Minas Gerais, e Mogi das Cruzes e Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo, foram palco das ações policiais. A operação contou com o apoio crucial da Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCESP), por meio do Grupo de Operações Especiais (GOE), que auxiliou no cumprimento dos mandados e na coleta de evidências.
Apreensões e Conduções
Durante a operação, quatro pessoas foram conduzidas à 5ª Delegacia de Polícia Civil em Juiz de Fora para prestar esclarecimentos. A polícia apreendeu uma vasta gama de materiais e bens, incluindo:
- Dinheiro em espécie
- Cartões bancários
- Documentos diversos
- Notebooks
- Celulares
- Simulacros de arma de fogo
- 15 veículos
- Duas motocicletas
Todos os dispositivos eletrônicos apreendidos foram encaminhados para perícia técnica, a fim de extrair informações relevantes para a investigação.
Medidas Judiciais
O Poder Judiciário determinou o bloqueio de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas, com um valor máximo de R$ 5 milhões. Essa medida tem como objetivo principal garantir o ressarcimento às vítimas e ao sistema financeiro, minimizando os prejuízos causados pela organização criminosa. Além do bloqueio de contas, foram impostas outras medidas cautelares, como a proibição de contato entre os investigados e as vítimas, bem como a proibição de aproximação das residências das vítimas em um raio inferior a 500 metros.
O Esquema Criminosa Detalhado
As investigações revelaram a existência de três núcleos distintos dentro da organização criminosa, cada um com funções específicas e coordenadas:
- Núcleo Bancário: Este núcleo era responsável por fraudes em empréstimos e transferências de contas, contando com a participação de funcionários de uma instituição financeira. A ação interna facilitava a manipulação de dados e a aprovação de transações fraudulentas.
- Núcleo do Golpe do Financiamento: Atuava na obtenção de financiamentos fraudulentos em nome de vítimas, com o apoio de revendedores de veículos. Este esquema envolvia a falsificação de documentos e a utilização de dados de terceiros para a aquisição de veículos.
- Núcleo de Falsidade Ideológica: Este núcleo era especializado na inserção de dados falsos em sistemas bancários, criando identidades e informações fictícias para viabilizar os crimes. A falsificação de documentos era uma ferramenta essencial para a atuação deste núcleo.
Indiciamentos e Vítimas
Até o momento, seis pessoas foram formalmente indiciadas por envolvimento no esquema criminoso. As investigações identificaram cerca de 100 vítimas, incluindo idosos e pessoas com deficiência, que foram especialmente vulneráveis às ações da organização.
Alerta da Delegada
A delegada responsável pela investigação, Bianca Mondaini, faz um alerta especial à população, principalmente idosos e pensionistas, para que verifiquem regularmente seus extratos bancários e contracheques. "Identificamos situações em que a portabilidade de conta foi realizada sem o consentimento das vítimas, redirecionando benefícios para instituições controladas pelos criminosos", informou a delegada.
Como Agiam os Criminosos
De acordo com as investigações, os suspeitos abordavam vítimas com baixo grau de instrução, oferecendo vantagens financeiras aparentemente legítimas. Com o consentimento das vítimas, os criminosos gravavam vídeos utilizados em sistemas de reconhecimento facial, que permitiam abrir contas, contratar empréstimos e realizar transferências sem o conhecimento dos titulares. Essa tática de manipulação e engano era fundamental para o sucesso dos golpes.
Primeira Fase da Operação
A primeira fase da operação "Ouro de Tolo" foi deflagrada em novembro de 2024. Na época, os crimes investigados atingiram 12 vítimas – 11 idosos e uma pessoa com transtorno mental –, causando um prejuízo estimado em R$ 5 milhões ao longo de dois anos. Seis suspeitos, com idades entre 30 e 47 anos, foram indiciados por participação no esquema.
Informações para Vítimas
Quem suspeitar ter sido vítima da organização criminosa deve procurar a 5ª Delegacia de Polícia Civil, localizada na Rua Nossa Senhora de Lourdes, 373 – Bairro Nossa Senhora de Lourdes, em Juiz de Fora, para registrar a ocorrência e fornecer informações que possam auxiliar nas investigações.