Escassez de Insulina Humana Persiste no Brasil em 2025

A escassez de insulina humana, hormônio essencial para o tratamento de diabetes tipo 1, continua afetando o Brasil em 2025, refletindo uma limitação global na oferta do medicamento. A Novo Nordisk, principal fabricante das insulinas humanas regular e NPH, confirmou a persistência dos desafios em sua cadeia de suprimentos, agravados pelo aumento da demanda por seus medicamentos para diabetes e obesidade, como Ozempic e Wegovy.

Previsão de Regularização Frustrada e Impactos na Saúde

Apesar da previsão inicial de regularização para o final de 2024, a Novo Nordisk anunciou que a redução na disponibilidade de insulina humana continuará ao longo de 2025. A empresa orienta pacientes cadastrados no programa Farmácia Popular, que oferece gratuitamente as insulinas regular e NPH, a buscarem alternativas nas unidades de saúde pública. Pacientes do mercado privado devem consultar seus médicos para discutir opções de tratamento.

Em novembro de 2024, o Conselho Federal de Medicina (CFM) expressou preocupação com a escassez, alertando para os riscos de descontrole glicêmico, emergências médicas e até óbitos. O CFM confirma que médicos continuam relatando dificuldades de acesso ao medicamento por parte dos pacientes. Outras entidades, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), também monitoram a situação.

“A SBEM continua atenta e mantendo contato com todos órgãos responsáveis, e orienta que na indisponibilidade de compra para algum tipo de insulina o paciente procure seu médico imediatamente para serem oferecidas opções alternativas. É muito importante frisar que os pacientes não podem ficar sem usar a medicação.” - Karen de Marca, vice-presidente da SBEM.

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Ações Governamentais e Desigualdade no Abastecimento

O Ministério da Saúde, responsável pela aquisição e distribuição das insulinas regular e NPH, afirma ter recebido 32 milhões de unidades entre julho e dezembro de 2024, incluindo um lote antecipado de 10,6 milhões de unidades em formato de caneta (3ml), previsto inicialmente para 2025. O orçamento para a compra desses medicamentos também foi aumentado de R$ 799 milhões para cerca de R$ 1 bilhão. O Ministério também ampliou a concorrência, incluindo fornecedores internacionais, seguindo a RDC 203/2017 da Anvisa.

No entanto, o cenário de abastecimento nos estados é heterogêneo. Enquanto alguns estados relatam fornecimento regular (Santa Catarina, Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Minas Gerais, Pará, Amazonas e Mato Grosso), outros enfrentam dificuldades. A Paraíba relata falta de estoque, com previsão de entrega para a semana seguinte. Ceará e Espírito Santo também aguardam novas remessas, enquanto o Paraná e São Paulo relatam desabastecimentos pontuais desde o final de 2024.

Impacto nas Farmácias e Riscos para Pacientes

Jaqueline Correia, presidente do Instituto Diabetes Brasil, relata o aumento de denúncias sobre a falta de insulina tanto em farmácias públicas quanto privadas, inclusive em hospitais, impactando o tratamento da cetoacidose diabética, uma complicação aguda e grave. A insulina humana é o protocolo padrão para essa emergência, sem alternativa de substituição nacionalmente estabelecida. Embora a substituição por insulinas análogas seja recomendada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) em casos de emergência, a falta do medicamento coloca a comunidade diabética em risco.

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“A insulina é como se fosse o oxigênio dos pacientes, sem ela a pessoa morre, não tem como sobreviver.” - Jaqueline Correia.

Solange Travassos, vice-presidente da SBD, também relata dificuldades de aquisição e recomenda que pacientes mantenham uma reserva de insulina para evitar interrupções no tratamento.

A escassez de insulina humana no Brasil continua sendo um desafio preocupante, demandando ações efetivas para garantir o acesso ininterrupto a esse medicamento vital para pacientes com diabetes tipo 1.

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