Paralisação dos caminhoneiros afetou em cheio setor de eventos

Para os empreendedores de eventos, o clima não é de festa em tempos de crise de abastecimento causada pela greve dos caminhoneiros. Com cancelamentos e adiamentos, os prejuízos se acumulam. “Entendo perfeitamente o apelo da greve e apoio, mas saí prejudicada. Faço entre três e cinco festas por fim de semana. Vou para dois (fins de semana) sem fazer nenhum, com dois cancelamentos, ou seja, um prejuízo de uns R$ 4.000”, relata a proprietária da bufê Tudebom Comida de Buteco, Jane Lavarini, 45.

A matéria continua após a publicidade

Clique aqui e curta nossa página no Facebook

Clique aqui e Siga-nos no Instagram

No próximo fim de semana, Jane Castro Marise, 38, proprietária da Laura Festas, que aluga brinquedos para festas infantis, teria dois eventos, mas eles foram adiados. “Espero a decisão dos clientes se vão remarcar uma nova data ou cancelar. Se houver cancelamento, tenho que devolver o dinheiro da reserva”, lamenta Jane Marise. O bufê Salgado Cottinha também teve dois eventos adiados para junho dos três eventos que estavam marcados para o próximo fim de semana. “A decisão de adiar os eventos partiu dos próprios clientes, uma vez que não teriam certeza de que os convidados conseguiriam chegar”, afirma a empresária Paula Cotta, 37. Convidados desconfirmando presença, cardápio restrito por falta de produtos e fornecedores que não conseguem chegar ao local são algumas dificuldades que fizeram as pessoas optarem por adiar seus eventos diante da greve dos caminhoneiros. O professor de arte Paulo Roberto Barbosa adiou o lançamento de seu livro “Crônicas do Cinematógrafo: Escritos sobre Cinema e Fotografia”, que seria na última sexta-feira, para o próximo dia 6, na livraria Quixote. “Os amigos começaram a ligar e pedir que adiássemos a data por causa do movimento. Faltava transporte público e combustível para chegar ao local. Esvaziaria o lançamento”, explica Barbosa. A mesma dificuldade foi apontada pela psicóloga Valdirene Rodrigues de Fonseca Prado, 46, que adiou o aniversário de 9 anos da filha Beatriz, que seria no último sábado, em um condomínio de Jaboticatubas, região metropolitana de Belo Horizonte, para junho. “Não pretendia adiar o aniversário, mas meus irmãos que moram em outras cidades e outros convidados de Belo Horizonte não teriam combustível para chegar”, afirma Valdirene. Ela conta que teve que congelar produtos que já tinha comprado e cancelou serviços. “O que deu tempo eu cancelei, como salgados, doces e o bolo”, afirma. A preocupação é pertinente, segundo Lucilene Gendorf, empresária da fábrica de salgados Lulu Gendorf. “Nos eventos que trabalhei nesse final de semana (passado) 80% dos convidados não foram. Isso gerou um grande prejuízo para quem fez a festa”, conta Lucilene. Ela afirma que, em função de adiamentos de eventos, está com o freezer cheio de produtos para essas festas. “Estou com o freezer cheio de salgados, minipizzas porque os clientes têm cancelado pedidos. Isso gera gastos com energia elétrica, pois o freezer fica ligado por mais tempo”, avalia. Aluguel de brinquedos vira drama O aumento do preço da gasolina nos postos de combustíveis pode acarretar subida no valor do frete de aluguel de brinquedos. “Terei que aumentar (o frete). O problema é que estamos vivendo, já há algum tempo, uma situação em que não podemos colocar o preço real, temos que fazer ofertas, porque sabemos da dificuldade dos dois lados”, afirma Tathiana Silva Porto, da Tathy Festas e Eventos. “Com certeza, para a festa da semana que vem, vou ter prejuízo, pois o cálculo do frete foi feito baseado no valor (da gasolina) a R$ 4,39 (o litro)” preocupa-se Tathiana. Desabastecimento inviabiliza compra de produtos frescos O adiamento dos eventos atrapalha a vida financeira das empresas. Jane Castro Marise, 38, proprietária da Laura Festas – Aluguel de Brinquedos, teve dois eventos adiados que seriam neste fim de semana. “Sem evento, ficamos sem faturamento. Eu contava com o dinheiro que entraria nessas duas semanas para pagar o cartão de crédito. Diante da paralisação, pode ser que não consiga pagar”, reclama Jane Marise. Lucilene Gendorf, da fábrica de salgados Lulu Gendorf, também demonstra preocupação. “Tenho produto parado, mas o vencimento dos boletos, não espera”, afirma. “Estou tentando vender (os produtos que estão estocados) até por um valor mais em conta, mas ninguém quer fazer festa”, acrescenta Lucilene. Segundo ela, cerca de R$ 800 investidos ficaram parados. Outro problema relatado é a alta dos preços e também o desabastecimento. “Não estou achando produtos frescos, legumes, verduras, como cheiro-verde, batata, que está caríssima, ovos, pimentão, cebola, berinjela. Até o momento, nada. Os fornecedores não sabem informar quando as entregas serão regularizadas”, relata Jane Lavarini, proprietária do bufê Tudebom Comida de Buteco. “Algumas opções de carne estão em falta. A caixa de mandioca só consegui comprar uma por R$ 85”, acrescenta Paula Cotta, 37, do buffet Salgado Cottinha. Segundo ela, antes da crise de abastecimento, uma caixa de mandioca custava R$ 20. Um aumento de 325%, em cerca de dez dias. Sindbufê. Para o presidente do Sindicatos de Bufês de Belo Horizonte e região metropolitana, João Evangelista Assumpção Teixeira Filho, os adiamentos atingiram apenas 5% dos eventos na capital e região. “Estamos orientando os associados a ter compreensão com os clientes que optarem por adiar ou cancelar os eventos, mas a opção deve ser deles”, diz Teixeira Filho.

Siga o canal do Destak News e receba as principais notícias no seu Whatsapp!