Com o objetivo de adequar os trabalhos periciais às práticas de prevenção ao contágio pela Covid-19, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está adotando procedimentos específicos para exames de necropsia. Por meio do uso de aparelho de tomografia, os Médicos-Legistas do Instituto Médico-Legal (IML) realizam exames de forma menos invasiva e, consequentemente, mais segura nesse período de pandemia.
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A Médica Legista Adriana Zatti, especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, explica que a necropsia virtual é um método utilizado pela PCMG desde a tragédia de Brumadinho, em 2019. O equipamento foi doado pela Empresa Vale com intermediação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O exame é utilizado de forma complementar ao tradicional, sobretudo em áreas do corpo de difícil acesso. Quando possível, o Médico-Legista determina a causa da morte por meios externos, não havendo a necessidade da tomografia.
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PCMG/Divulgação[/caption]
A opção pela necropsia virtual nesse período de pandemia visa minimizar as intervenções diretas que, quando indispensáveis, serão realizadas por meio de incisões objetivas, sem exposição de todo o corpo. O exame de tomografia é rápido, com duração aproximada de cinco minutos, sendo a análise das imagens um pouco mais complexa.
“Excepcionalmente por conta da pandemia a necropsia virtual está sendo realizada de forma mais ampla, eventualmente com um exame minimamente invasivo associado, por conta do risco de contaminação de todos os servidores envolvidos no processo: auxiliares de limpeza, auxiliares de necropsia, técnicos em radiologia, médicos-legistas. Nós fazemos a necropsia virtual e, se o médico-legista achar necessário, faz as incisões objetivas nos locais onde o exame apontar que há alteração, sem expor todo o corpo e sem nos expor a possíveis contaminações”, conclui a Médica-Legista.
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O chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Wagner da Conceição, ressalta: “Na investigação de homicídio, os vestígios encontrados, tanto no local do crime quanto no cadáver, são de extrema importância para o esclarecimento das circunstâncias e da mecânica do fato delituoso, e, por isso, os exames periciais relativos a esses achados devem ser realizados imediatamente após o recebimento da notícia pela polícia, sob pena de perecimento da prova objetiva. Por tal razão os exames perinecroscópico e de necropsia são atividades que não podem ser paralisadas, mesmo em época de pandemia a qual vivenciamos agora, resguardando-se evidentemente a segurança de todos os servidores públicos envolvidos".
Importante ressaltar que a Medicina Legal da PCMG analisa apenas mortes violentas, como homicídios e acidentes. A declaração de óbito em caso de doença, como pela Covid-19, é resultado de exame realizado pelo médico do Serviço de Saúde que atestou o falecimento.