O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta quinta-feira (7) que as recentes críticas feitas ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) por membros do governo federal, entre eles o próprio presidente Jair Bolsonaro, não visam prejudicar o órgão de pesquisa e desenvolvimento vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
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"As críticas não são para destruir entidade nenhuma. Muito pelo contrário”, disse Salles ao participar, esta manhã, de uma audiência pública realizada pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados.
O ministro se referia ao caso que resultou na substituição do ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, substituído interinamente por Darcton Policarpo Damião. Galvão deixou o órgão após criticar declarações de Bolsonaro sobre o trabalho do instituto. No último dia 19, em entrevista a correspondentes internacionais, o presidente disse que a divulgação de informações sobre desmatamento feita pelo Inpe prejudica o país em negociações comerciais. Galvão afirmou que Bolsonaro fez “acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira”.
“Desde o início, dissemos que a ideia era agregar informações oriundas de um sistema de monitoramento de imagens de alta resolução, com precisão de três metros, e tempo [de acompanhamento] diário, ao contrário das do INPE. Exatamente para agregar informações mais precisas e orientar mais eficazmente a fiscalização. Fiscalização esta que tem um déficit de pessoal de 50% herdado da gestão anterior e seu quadro funcional, orçamento e planejamento mal estruturado", argumentou o ministro.
Salles voltou a criticar o uso dos dados de desmatamento da Amazônia divulgados pelo Inpe. “Grande parte da repercussão negativa se origina aqui dentro [do país]. São entidades ambientalistas, ONGs e pseudo-cientistas que estão fomentando isto lá fora para, de maneira reversa, pressionar o Brasil. Isto sim é uma grande irresponsabilidade. Não está correto disseminar a informação de que o Brasil não preserva seu meio ambiente, tampouco na região Amazônia”, disse o ministro.
“Na semana passada, fizemos uma verificação de várias dessas informações utilizadas por terceiros. Não foi o órgão permanente, o Inpe enquanto instituição, que é respeitada e deve ser respeitada, que fez essas interpretações sensacionalistas e midiáticas. Foram aqueles que as manipulam para criar factoides, impacto na imprensa e, quem sabe, assim conseguir mais doações das ONGs estrangeiras para os seus projetos pessoais”, afirmou Salles.
"Este percentual [de desmatamento da Amazônia] foi questionado por nós não para darmos outro percentual, pois não importa o número [resultado]. Importa o princípio", acrescentou o ministro, lembrando que seus antecessores no cargo nos três governos anteriores enfrentaram polêmicas semelhantes envolvendo o Inpe e os dados relativos ao desmatamento na Amazônia.
"Este conflito da narrativa se estende há muito tempo. Só que, ao contrário do que fizemos agora, ninguém se deu ao trabalho de se debruçar sobre os dados e fundamentar eventuais críticas a este modelo", disse o ministro.
Desmatamento da floresta amazônica explode em julho e chega a 2.254 km²
Ao contrário do informado anteriormente, a alta do desmatamento entre agosto do ano passado e julho deste ano foi de 49,45% em relação aos 12 meses anteriores.
A área desmatada da Amazônia observada em julho pelos satélites atingiu uma área total de 2.254 km². Isso equivale a mais de um terço de todo o volume desmatado nos últimos 12 meses, entre agosto de 2018 e julho de 2019, período em que o volume total do desmatamento chegou a 6.833 km².
