Vice-governador de MG é preso em operação da Polícia Federal

O vice-governador Antonio Andrade (MDB) foi preso na manhã desta sexta-feira em Vazante, Noroeste de Minas Gerais, na Operação Capitu, um desdobramento da Operação Lava-Jato. O político é acusado pela Polícia Federal de participar de uma organização criminosa que autava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura.
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Antonio Andrade foi ministro da Agricultura entre 2013 e 2014, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). De acordo com informações da Polícia Federal, estão sendo cumpridos 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).
Além de Minas Gerais, a operação acontece no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso.
A Operação se baseou em delação de Lúcio Bolonha Funaro – doleiro ligado ao MDB – sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no ministério em 2014 e 2015.
A organização criminosa atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura e era formada por servidores, políticos do MDB, empresários e executivos da JBS. O esquema envolve ainda uma rede de supermercados de Belo Horizonte.
“Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do MAPA e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado”, informou a PF.
Também foram presos nesta manhã o deputado estadual reeleito João Magalhães (MDB). O nome do mineiro já havia sido citado na Lava-Jato no ano passado, em razão da divulgação de um áudio em que ele cobrava uma propina de R$ 4 milhões ao executivo da JBS, Ricardo Saud. Antes de chegar à Assembleia Legislativa, Magalhães foi deputado federal por quatro mandatos.
JBS
A PF prendeu ainda os executivos da JBS Joesley Batista, Ricardo Saud e Demilton de Castro. O deputado federal eleito Neri Geller (PP-MT), que foi ministro da Agricultura em março e abril de 2014 também está preso.
Joesley Batista havia sido preso em setembro de 2017 depois que a Procuradoria Geral da República (PGR) rescindiu o acordo de delação premiada por suposta omissão de informações nos depoimentos. O empresário foi solto em março por decisão do juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª vara da Justiça Federal de Brasília.
Os advogados de Joesley Batista manifestaram "surpresa" com a prisão do empresário, já que ele estaria colaborando com as investigações da PF.
Os acusados serão indiciados por organização criminosa, obstrução da Justiça, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. As penas podem variar entre três anos e 120 anos de prisão.
Capitu
 
A operação foi batizada com o nome da famosa personagem de Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, porque a PF verificou que empresários e funcionário da JBS, que inicialmente atuou em colaboração premiada com a polícia, teria praticado atos para obstruir a Justiça e prejudicar as investigações.
No livro de Machado de Assis, Capitu é uma personagem dissimulada e acusada de traição por Bentinho.
Mais detalhes sobre a operação serão repassados pela PF em coletiva à imprensa marcada para as 10h desta sexta-feira.
 

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