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Na Califórnia, alimentação se torna tratamento para doenças crônicas
08/07/2018 15:08
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The New York Times
SEBASTOPOL, CALIFÓRNIA - Certa tarde, a assistente jurídica aposentada Diana Van Ry passou na cozinha da organização sem fins lucrativos na qual atua como voluntária para apanhar um pouco de falso bacalhau, cuscuz de couve-flor e um “caldinho da imunidade” enriquecido com legumes e alga. Ela planejava levar a comida para Brandi Dornan, 46 anos, que está se recuperando do tratamento contra o câncer de mama.
Outro pequeno estudo realizado por pesquisadores da UCSF acompanhou pacientes com HIV e diabetes tipo 2 que receberam refeições especiais por seis meses para ver se isso traria efeitos positivos para a sua saúde. Os pesquisadores descobriram que os pacientes se mostraram menos deprimidos, menos propensos a ceder à má alimentação e aos seus efeitos nocivos, e mais propensos a respeitar o tratamento receitado.
Seu tratamento também custou menos: para a alimentação de cada participantes durante seis meses foram gastos US$ 1.184 por pessoa, menos da metade do custo diário de US$ 2.774 para a internação num hospital da Califórnia.
“É algo que alivia o farto mental", disse Conrad Anthony Nesossis, 69 anos, que tem diabetes e recebeu refeições quentes como parte do estudo. Ele ainda usa uma mistura de alho, cebola e pimenta em pó que aprendeu a fazer com o programa. “Não sou um grande cozinheiro, mas a experiência abriu meus olhos e me fez prestar mais atenção nos sabores.”
Pessoas de baixa renda podem enfrentar dificuldades para controlar doenças crônicas, pois frequentemente consomem alimentos baratos, repletos de açúcar e sal, evitando alternativas mais caras como frutas e legumes.
Para os pacientes com câncer, a perda do apetite que surge como efeito colateral do tratamento pode levar à desnutrição, reduzindo a capacidade do corpo de enfrentar a doença. O Dr. Fasih Hameed, diretor-assistente de medicina do Centro de Saúde de Petaluma, ao norte de San Francisco, receita as refeições do programa Ceres a pacientes com câncer e também àqueles com hepatite C.
“É uma forma de fazer um recomeço holístico", disse ele.
A Dra. Hilary K. Seligman, professor da UCSF, disse, “as epidemias mais perigosas da nossa era - obesidade e diabetes - estão ligadas à alimentação". Ela disse que a profissão médica “aceita sem pestanejar os medicamentos e procedimentos mais caros. Mas, em se tratando da alimentação, temos que provar que é mais barato aceitar esta forma de tratamento".