Minas peca em preço do diesel

O tão esperado corte de R$ 0,46 no preço do diesel ainda não chegou às bombas de Minas Gerais. Na quarta-feira (6), o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu que, da parte do governo federal, a redução não passa de R$ 0,41 (a previsão inicial era de R$ 0,46), e o restante vai depender de cada Estado baixar o ICMS – seja a alíquota ou a base de cálculo, que é o preço usado como referência na hora de calcular o imposto. Sobre a alíquota mineira, que é de 15%, o governador Fernando Pimentel enfatizou que nada vai mudar. Já sobre a base de cálculo do ICMS, o governo disse que vai esperar o abastecimento voltar ao normal para fazer uma revisão.

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Atualmente, o imposto incide sobre um preço médio ponderado de R$ 3,62. Pelos cálculos do Minaspetro, que representa os postos, se o Estado descontasse os R$ 0,41 da base de cálculo, o diesel cairia mais R$ 0,06. “Somando tudo, a queda seria de R$ 0,47 no valor do diesel”, afirma presidente do Minaspetro Carlos Guimarães. Na quarta-feira, o sindicato enviou uma carta aberta ao governador cobrando redução não apenas nessa base de cálculo, mas também nas alíquotas de ICMS do diesel e, também, da gasolina e do etanol. Nesta quinta-feira (7), eles vão tentar falar pessoalmente com Fernando Pimentel. “Não estamos pedindo nada absurdo. Queremos que a carga tributária seja equiparada à carga de Estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Se isso acontecesse, os preços cairiam nas bombas em R$ 0,45 para a gasolina, R$ 0,21 para o etanol e R$ 0,13 para o diesel”, destaca Guimarães.

ICMS - quanto cobra cada estado?

Em São Paulo, o ICMS é de 25% para a gasolina e 12% para etanol e diesel. Em Minas, o imposto é de 31% para a gasolina, 15% para o diesel e 12% para o etanol. Como os impostos estaduais são mais pesados em Minas, a competitividade é afetada, principalmente na fronteira com São Paulo. “É muito comum caminhoneiros e consumidores finais atravessarem a divisa para abastecer no Estado. Eu, por exemplo, tenho um posto que fica a 8 km do centro de Poços de Caldas. Do centro até a rodovia são só mais 7 km até um posto que fica perto de São Sebastião da Grama/Divinolândia. Lá, já é São Paulo, e a diferença de preço é de R$ 0,20 na gasolina e de R$ 0,15 no diesel. Por isso, muita gente prefere abastecer onde é mais barato”, explica o empresário Renato Mantovani, diretor do Minaspetro da regional de Poços de Caldas, no Sul de Minas. Entre Extrema, que é a última cidade de Minas, e Atibaia, uma das primeiras em São Paulo, seguindo a rodovia Fernão Dias, são cerca de 40 km. Em Extrema, o diesel custa R$ 3,36 e a gasolina custa R$ 4,84. Em Atibaia, o diesel custa R$ 3,23 e a gasolina custa R$ 4,49. “É por causa do ICMS, e é claro que, principalmente para os caminhoneiros, isso faz uma enorme diferença. Eles preferem abastecer em São Paulo”, afirma o empresário Leandro Motteran, diretor do Minaspetro de Varginha, no Sul de Minas. “O governo federal já fez a parte dele, a revenda está fazendo a dela ao repassar os descontos. O Estado também precisa fazer”, destaca Motteran. Até quarta-feira, dos 27 Estados, quatro reduziram a base de cálculo do ICMS e dois também reduziram a alíquota do diesel. Outros sete, em vez de baixar o imposto ou o preço de incidência, subiram a base. Minas Gerais está no grupo dos Estados que não fizeram nenhuma alteração. Arrecadação Minas. Em maio, a arrecadação de ICMS do diesel foi de R$ 240,8 milhões, o que representa 25,8% do ICMS de todos os combustíveis e 6% em relação a todo o ICMS recolhido no Estado.

Fornecimento de gás não se normalizou

[caption id="attachment_12135" align="alignnone" width="663"] Consumidor enfrenta dificuldade para achar gás de cozinha | Foto: Moisés Silva[/caption] O abastecimento de gás de cozinha em Belo Horizonte ainda não voltou ao normal. Muitos depósitos fizeram os pedidos assim que a greve acabou, mas não conseguiram receber. “As distribuidoras falam que está faltando vasilhame”, justifica Harrison Matos, de uma revenda no Sion, região Centro-Sul. Ele explica que, em tempos normais, faz de 20 a 30 entregas por dia. Sem o produto para vender, está perdendo clientes. “Eu fornecia para um restaurante três vezes na semana. Agora ele está comprando em outro lugar”, lamenta. Uma das estratégias para retomar a clientela será manter o preço antigo. “Quando chegar, vai continuar custando R$ 85”, diz. Vários outros depósitos têm enfrentado o mesmo problema. “Fazemos o pedido, mas não recebemos, e temos que justificar para os clientes”, contou a funcionária de uma loja no bairro Serra. Durante a crise, o botijão, que custava em média R$ 80, chegou a subir para R$ 120 na região metropolitana.  

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